- Não - susssurou, lembrando... sempre lembrado... - Embarco amnha. Caso se importe ao menos um pouco comigo, não dirá mais uma palavra.
- Caso eu me importe com você - repetiu ela, quase como se estivesse falando sozinha. - Eu ... Eu amo...
- Não diga isso.
-Tenho que dizer. Eu... Eu amo você, tenho quase certeza, e se você for embora...
-Se for embora, salvarei sua vida. - A palavras foram enuciadas lentamente, tentando alcançar a parte dela que talvez se lembrasse. Será que tinha alguma coisa lá, enterrada em algum lugar? - Algumas coisas não mais importantes que o amor. Você não vai entender, mas precisa confiar em mim.
O olhar dela o atravessou. Ela deu um passo para trás e cruzou os braços. Isso era culpa dele também - sempre despertava o lado desdenhoso da moça quando a tratava assim.
- Quer dizer que existem coisas mais importantes do que isso? - ela o desfiou, pegando as mãos dele e levando-as até sua coração.
Ah, como ele queria ser ela e não saber o que aconteceria a seguir! Ou pelo menos gostaria de ser mais forte do que era e conseguir impedi-la. Se não a impedisse, ela nunca aprederia, e o passado apenas continuaria se repetindo, torturando-os num ciclo sem fim.
O calor familiar da pele dela slob suas mãos fez com que ele pendesse a cabeça para trás e gemesse. Estava tentando ignorar a proximidade entre od dois, como ele cohecia bem o toque dos lábios dela nos seus, como era amargo saber que tudo isso teria que acaber. Mas seus dedos se tocavam tão leve. Ele podia sentir seu coração acelerando através do vestido de algodão fino.
Ela estava certa. Não havia nada mais importante do que isso. Nunca houve. Ele estava prestes a ceder e toamá-la nos braços quando viu a expressão em seu rosto. Como se tivesse visto um fantasma.
Foi ela quem se afastou, com uma das mãos sobre a testa.
-Estou tento uma sensção estranha - susssurou.
Não... seria tarde demais?
Os olhos dela se estreitaram até a expressão retratada no esboço e ela voltou a se aproximar novamente, as mãos sobre o peito, seus lábios abertos de expectativa.
Diga-me que enlouqueci, mas juro que já estive exatamente aqui antes...
Então era tarde demais. Ele ergueu os olhos, trêmulos, e pôde sentir a escuridão cair sobre os dois. Ele aproveitou aquela última chance de segurá-la, de abraçá-la o mais forte que podia, como havia ansiado durante semanas.
Assim que os lábios dele se fundiram com os dela, não havia mais poder algum em suas mãos. O gosto de madressilva de sua boca o deixava tonto. Quanto mais próxima ela ficava, masi seu estômago se retorcia com a excitação e a agonia de tudo aquilo. Sua língua tocava a dele, e o fogo entre os dois ardia mais descoberta. E, ainda assim, nada disso era novidade.
O lugar tremeu. Uma aura em volta do casal começou a brilhar.
Ela não notou nada, nao estava ciente de nada, não entendia nada além daquele beijo.
Só ele sabia o que estava prestes a acontecer, quão sombria era a companhia que se preparava para se juntar áquele reecontro. Mesmo incapaz de , mais uma vez, alterar o curso de suas vidas, ele sabia.
As sombras rodopiavam diretamente acima dos dois. Tão perto que ele poderia tê-las tocado. Tão perto que o fez considerar se ela podia ouvir o que estavam sussurando. Ele observou enquanto seu rosto se obscurecia. Por um momento, viu um brilho de reconhecimento crescendo nos olhos dela.
E então não havia mais nada, absolutamente nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário